Natal perdeu mais um símbolo da história da cidade. O marco de Santa Cruz da Bica, na Cidade Alta, instalado em 1599, amanheceu destruído nesta quarta-feira (17), Dia Nacional do Patrimônio Histórico. Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional no Rio Grande do Norte, o marco era um dos mais antigos da cidade.
O monumento, junto com outro cruzeiro instalado na mesma época na Praça das Mães, na subida da Ribeira e que já havia sido vandalizado há ainda mais tempo, demarcavam a área onde a cidade do Natal deveria ser erguida.
Documentos oficiais analisados por pesquisadores e publicados em livros mostram que nas três primeiras décadas de sua fundação, Natal tinha apenas 60 casas entre os dois crucifixos, que foram fincados a 878 metros de distância um do outro.
Em 1878, o Capitão Naninguer, comandante da tropa de linha e devoto da Santa Cruz, construiu um pequeno jardim ao redor do cruzeiro. O jardim permaneceu por vários anos, mantido pela comunidade local. A primitiva cruz foi posteriormente substituída por outra, conservando-se no caixilho os fragmentos do cruzeiro original. A cruz atual é de construção recente, de 19 de agosto de 1983, quando a pracinha foi restaurada pela Prefeitura do Natal.
Nesta quarta, o marco amanheceu completamente destruído, tanto a estrutura de tijolos quanto a cruz que demarcava o limite da cidade nas proximidades do riacho do Baldo. Até o momento, a Polícia Civil não tem informações sobre os possíveis responsáveis pelo ato de vandalismo.
De acordo com o livro Caminhos de Natal, de Jeanne Fonseca Leite Nesi, a Praça da Santa Cruz da Bica representa um dos primitivos marcos de Natal e é provável que tenha sido construída à época da fundação da cidade. Segundo as pesquisas, os portugueses e espanhóis adotavam o ritual de limitar com cruzes os limites urbanos das povoações que fundavam. No caso de Natal, a cruz da bica de beber água assinalava os limites da Cidade pelo lado sul.
Localizado na esquida das ruas Mermoz e Voluntários da Pátria, há registros da existência de terras concedidas nas imediações da atual praça da Santa Cruz da Bica desde data de 24 de setembro de 1675, cujo beneficiário foi o vigário Paulo da Costa Barros. As terras concedidas ficavam ‘’junto à fonte desta Cidade’’. Durante muitos anos, a população de Natal comemorava no dia 3 de maio de cada ano, o Dia da Santa Cruz. Era uma festa popular, em que era rezado um terço na Praça da Santa Cruz.
Monumentos
A depredação de monumentos históricos tem sido uma constante na cidade. Dois dos principais estão em processo de restauração: a estátua da Praça Pedro Velho e o Monumento à Independência, ambas localizadas na Zona Leste de Natal. O prazo estabelecido para entrega é de 90 dias, mas pode se estender caso seja necessário.
Fontes: Tribuna do Norte, Saiba mais.
(Foto: Ricardo Araújo)