O Sumiço das Abelhas

Muito mais do que produtoras de mel, as abelhas são agentes polinizadores. Representam uma das maiores responsáveis pela oferta de alimentos para a humanidade e indispensáveis na manutenção da biodiversidade do planeta. E justamente por isso seu desaparecimento em diversas localidades é alarmante.

Não é novidade que as abelhas estão sumindo: há mais de 10 anos, cientistas do mundo inteiro alertam sobre esse desaparecimento e tentam entender por que ele acontece. E eles têm algumas apostas: contaminação das colmeias por fungos, aquecimento global e destruição do habitat natural dos bichinhos. Mas nenhuma é tão forte quanto a hipótese de que os inseticidas são os grandes culpados. Agora a ciência está um pouquinho mais perto de solucionar esse mistério e de reverter a situação: um estudo da Universidade de Berna, na Suíça, acaba de ligar dois dos inseticidas mais comuns no mundo à redução da fertilidade das abelhas.

Os pesticidas tiametoxam e clotianidina foram banidos da União Europeia em 2013, mas continuam ativos nos Estados Unidos e no Brasil – mesmo tendo reconhecido seus malefícios para as abelhas, o Ibama ainda não tomou uma decisão sobre a sua proibição. Mas deveria: de acordo com o estudo dos suíços, os machos expostos aos inseticidas tinham uma contagem de espermatozoides 39% menor do que os que não haviam tido contato com o pesticida.

Além disso, uma nova pesquisa mostra que um dos produtos químicos agrícolas mais amplamente usados, um neônico chamado imidaclopride, não prejudica imediatamente apenas as abelhas, mas tem efeitos negativos que podem ser vistos através das gerações.

O acúmulo de evidências continua mostrando que os neonicotinóides são prejudiciais aos insetos benéficos nos Estados Unidos. Embora os estudos anteriores tenham se concentrado especialmente nos efeitos letais, mais dados são mostrados a respeito dos impactos subletais. Por exemplo, um artigo recente descobriu que o imidaclopride reduz muito a fertilidade das abelhas solitárias e outro estudo descobriu que o produto químico reduz a atividade nas mitocôndrias das abelhas, onde a energia celular é gerada.

Isso é importante, uma vez que as abelhas costumam encontrar os pesticidas repetidamente ao longo de suas vidas no meio ambiente. Esses efeitos acumulados e multigeracionais não são levados em consideração nas avaliações de risco ambiental, que medem os danos causados ​​por pesticidas e são usados ​​por legisladores para regular produtos químicos.

As abelhas também são ameaçadas pelo aquecimento e mudanças climáticas, parasitas como ácaros varroa, patógenos, perda da diversidade de plantas associada ao desenvolvimento e outros fatores. Seu declínio é dramático: um estudo recente descobriu que um quarto das espécies de abelhas conhecidas não foram avistadas desde a década de 1990.

O sumiço das abelhas é um problema gigante: elas são responsáveis por, pelo menos, um terço da produção mundial de alimentos – 85% das plantas das matas e florestas e 70% das plantações agrícolas, segundo a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.

E essa é uma questão mundial. Em todo o planeta, pelo menos um quarto das 20 mil espécies de abelhas que existem está ameaçada de extinção. Nos EUA, de 1940 até hoje, o número de colmeias caiu 50%, de acordo com a Bee Informed Partnership, e na Europa, o declínio é igual, só que demorou menos tempo – nos últimos 25 anos, as colmeias também caíram pela metade.

No Brasil, os dados sobre o sumiço das abelhas são poucos, e por isso uma análise maior é difícil – mas sabendo que em 2012 alguns estados brasileiros, como Santa Catarina, tiveram uma queda de 90% da produção de mel, já dá para ter uma ideia do impacto desse problema por aqui.

Fontes: National Geographic, Ambiente Brasil, BBC, Econotícias, Super Abril.

 

 

 

 

Um comentário

  1. fabio said:

    o desmatamento tem grande influência nisso.

    05/01/2022

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