O óleo encontrado em praias do Nordeste nos últimos dias se refere a um “novo evento”, e não ao vazamento de petróleo ocorrido em 2019, afirma uma nota técnica conjunta da Marinha, Ibama, Inpe e universidades federais da Bahia, Ceará e Pernambuco. O documento foi divulgado neste sábado (10).
Os órgãos fizeram análises químicas no óleo coletado. “Há indicação de que houve um novo evento, cuja hipótese mais provável aponta para um incidente envolvendo petróleo cru, proveniente do descarte de água oleosa lançada ao mar, após a lavagem de tanques de navio petroleiro em alto mar”, afirma a nota.
A investigação observou que o óleo possui “biomarcadores” que indicam a origem do mineral. Eles sugerem tratar-se de petróleo do Golfo do México. “Tal origem foi estabelecida a partir da análise das amostras coletadas, especificamente, nas praias de Pernambuco (Boa Viagem, Paiva e Quartel) e Bahia (Ondina).”
Os pesquisadores calcularam que o derramamento pode ter ocorrido em alto mar há mais de duas semanas. Para isso, observaram que, em algumas pelotas de óleo, se desenvolveram crustáceos do gênero Lepas, chamados de “cracas”, espécie que vive em águas abertas. “De acordo com o tamanho das cracas encontradas, já bem desenvolvidas, pode-se afirmar que essas pelotas de óleo permaneceram mais de duas semanas à deriva, no oceano, antes de encalharem na praia”, afirma a nota técnica.
Os órgãos informaram que o conjunto de informações técnico-científicas obtidas servirá para identificar autores de crimes ambientais na região. “O Comando de Operações Navais da Marinha acompanha, no momento, todo o processo referente a essa nova ocorrência”, diz a nota.
Navio grego derramou óleo em 2019
Segundo a Marinha e os demais órgãos, o novo vazamento encontrado não tem relação com o derramamento de óleo de 2019.
Naquele ano, manchas de óleo apareceram por todo o Nordeste. Parte dos resíduos permanece nas praias de Itacimirim e Itapuã, na Bahia até hoje, informou a Marinha. Em 2021, a Polícia Federal concluiu que o vazamento de petróleo de 2019 foi causado por um navio grego. Só os gastos com limpeza de praias superam R$ 188 milhões.
Fonte: UOL.
Imagem: Eduardo Anizelli/ Folhapress