Em alerta realizado nesta segunda-feira (4), a OMS destaca que o problema afeta a saúde dos indivíduos a nível global
Quase toda a população global, 99% das pessoas, respira ar que excede os limites de qualidade definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Em alerta realizado nesta segunda-feira (4), a OMS destaca que o problema afeta a saúde dos indivíduos a nível global.
Um número recorde de mais de 6 mil cidades em 117 países monitora a qualidade do ar. No entanto, as pessoas que vivem nesses locais ainda respiram níveis insalubres de partículas finas e dióxido de nitrogênio. Pessoas em países de baixa e média renda sofrem as maiores exposições.
“Tendo sobrevivido a uma pandemia, é inaceitável continuar com 7 milhões de mortes evitáveis e perder incontáveis anos de boa saúde devido à poluição do ar”, lamenta Maria Neira, diretora do Departamento de Meio Ambiente da OMS.
“Há mais investimentos dedicados a um ambiente poluído do que a um ambiente de ar limpo e saudável”, assegura Neira.
A maioria das medidas referidas no relatório foi tomada entre 2010 e 2019, antes da pandemia de Covid-19, que teve impacto nos transportes e em vários setores econômicos e industriais poluentes.
Para a OMS, as conclusões do relatório revelam a importância de reduzir o uso de combustíveis fósseis e a adoção de outras medidas concretas para reduzir os níveis de poluição do ar.
“As preocupações atuais com a energia destacam a importância de acelerar a transição para sistemas de energia mais limpos e saudáveis”, ressalta Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, em comunicado.
Neste ano, a atualização dos dados de qualidade do ar da OMS apresenta, pela primeira vez, medições das concentrações médias anuais de dióxido de nitrogênio (NO2), um poluente urbano comum e precursor do material particulado e do ozônio.
O documento inclui também medições de partículas com diâmetros iguais ou inferiores a 10 μm (PM10) ou 2,5 μm (PM2.5). Ambos os grupos de poluentes se originam principalmente de atividades humanas relacionadas à queima de combustíveis fósseis.
De acordo com a OMS, o novo banco de dados de qualidade do ar é o mais extenso até agora em sua cobertura da exposição à poluição do ar a nível do solo. Cerca de 2 mil novas cidades e assentamentos humanos passaram a registrar dados de monitoramento para material particulado, PM10 ou PM2.5, em comparação à última atualização. Isso marca um aumento de quase seis vezes nos relatórios desde que o banco de dados foi lançado em 2011.
Enquanto isso, a base de evidências para os danos que a poluição do ar causa ao organismo humano vem crescendo rapidamente e aponta para impactos significativos causados por níveis baixos de muitos poluentes do ar.
O material particulado, especialmente o PM2.5, é capaz de penetrar profundamente nos pulmões e entrar na corrente sanguínea, causando impactos cardiovasculares, cerebrovasculares (como o acidente vascular cerebral) e respiratórios. Há evidências significativas de que o material particulado afeta outros órgãos e também causa outras doenças.
O dióxido de nitrogênio está associado a doenças respiratórias, particularmente asma, levando a sintomas respiratórios (como tosse, chiado ou dificuldade para respirar), internações hospitalares e atendimentos nos serviços de emergência.
O que pode ser feito
A OMS indicou uma série de medidas que os governos podem tomar para melhorar a qualidade do ar e a saúde da população.
A lista inclui estratégias como adotar, revisar e implementar padrões nacionais de qualidade do ar de acordo com as últimas diretrizes da entidade; monitorar a qualidade do ar e identificar fontes de poluição; apoiar a transição para o uso exclusivo de energia limpa doméstica; construir sistemas de transporte público seguros e acessíveis e redes amigáveis para pedestres e ciclistas.
As recomendações também contemplam a implementação de padrões mais rígidos de emissões e eficiência dos veículos, a imposição de inspeção e manutenção obrigatórias para veículos, o investimento em habitação com eficiência energética e geração de energia, além da melhoria na gestão de resíduos industriais e municipais.
O documento propõe a redução da incineração de resíduos agrícolas, incêndios florestais e de algumas atividades agroflorestais (como produção de carvão, por exemplo) e a inclusão da poluição do ar nos currículos dos profissionais de saúde.
Fontes: OMS, Folha SP, Canaltech, CNN.