Pesquisadores da Universidade de Exeter, no Reino Unido, descobriram que crianças que passam mais tempo perto da água têm mais bem-estar quando adultos. Os espaços azuis são o equivalente aquático dos verdes e incluem ambientes ao ar livre, naturais ou artificiais, que tenham água em destaque e sejam facilmente acessíveis às pessoas, como mar, rio, lago, lagoa, um porto ou até mesmo uma fonte.
O estudo, publicado no Journal of Environmental Psychology, usou dados de 15 mil pessoas em 18 países, as quais foram convidadas a relembrar sua exposição infantil a espaços azuis. Os entrevistados foram questionados sobre quais locais eram, com que frequência os visitavam e quão confortáveis seus pais/responsáveis se sentiam enquanto eles brincavam nesses ambientes. As pessoas também responderam sobre seu contato com espaços azuis e verdes nas quatro semanas anteriores e sua saúde mental nas duas semanas anteriores.
A pesquisa concluiu que os adultos que se lembravam de terem passado mais tempo em espaços como estes tinham um desejo contínuo por ambientes naturais em geral e tendiam a visitá-los com mais frequência, o que, por sua vez, aumentava o bem-estar mental na idade adulta. Os autores sugerem que reservar um tempo para visitar os espaços azuis é uma atitude sábia da “caixa de ferramentas dos pais” para tentar criar seres humanos saudáveis e felizes.
Para Leanne Martin, coautora do estudo, os pais estão certos em serem cautelosos com a água, mas “apoiar as crianças a se sentirem confortáveis nesses ambientes e desenvolver habilidades de natação em tenra idade pode gerar benefícios de longo prazo ainda não reconhecidos”. Apesar de focar na água, grande parte das interações com espaços azuis não envolve se molhar – estar perto da água já traz muitas vantagens. Valeria Vitale, principal autora, apontou que as descobertas são mais importantes do que nunca na era digital. “No contexto de um mundo cada vez mais tecnológico e industrializado, é importante entender como as experiências da natureza na infância se relacionam com o bem-estar na vida adulta”, afirma.
A exposição contínua à natureza, e o apego que se forma a partir dessa relação é fundamental para que as crianças se tornem adultos ambientalmente conscientes e defensores do mundo natural. Se as crianças não tiverem oportunidades para criar essas conexões, vai ser mais difícil fazerem isso quando adultas, porque elas não terão referências do que estão perdendo. Por isso, se você tem filhos, sobrinhos, netos, afilhados ou contato direto com crianças, garanta uma visita frequente a espaços naturais, de preferência com água por perto.
Para melhorar os seus dias e os do planeta
Mesmo já sendo adulto, você pode, e deve, continuar a frequentar espaços naturais verdes e azuis. Sempre que der, reserve umas horas na semana para tomar um banho (ou pelo menos molhar os pés) no rio ou no mar, fazer uma trilha no parque ou ter um piquenique na grama. Você também pode levar o som da água para dentro de casa, em uma fonte (tem vários tutoriais na internet se quiser fazer uma). Se você tem crianças em casa, inclua água na hora da brincadeira: se tiver jardim, vale banho de mangueira ou balde; se vocês moram em apartamento, dá para criar um fundo do mar numa bacia, com pedrinhas de diferentes tamanhos e brinquedos de plástico. Com os pequenos, é legal fazer atividades sensoriais, como colocar água morna em um recipiente e água fria em outro, incluindo bolinhas coloridas e outros objetos.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Divulgação.