Políticas Socioambientais dos Maiores Bancos Brasileiros ainda são Insuficientes

Bancos brasileiros têm “nota vermelha” em índice de responsabilidade socioambiental – dados são do Guia dos Bancos Responsáveis, iniciativa presente em 13 países, liderada no Brasil pelo Idec.

O Idec – Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor, junto de Conectas Direitos Humanos, Instituto Sou da Paz e Proteção Animal Mundial, lançou  um estudo que avalia 18 temas das políticas de sustentabilidade que os maiores bancos brasileiros possuem em relação às empresas que financiam ou nas quais investem.

O objetivo é oferecer aos consumidores um panorama sobre o que as instituições financeiras fazem com seu dinheiro, que tipo de empresa financiam e se consideram aspectos como, por exemplo, desmatamento, respeito aos direitos humanos e relações trabalhistas. O trabalho, que é publicado a cada dois anos, baseou-se em dados de 2019 e 2020 e segue a metodologia do Fair Finance International, aplicada em 13 países. Os resultados dos bancos brasileiros são baixos, ainda que tenham sido identificados importantes avanços desde a última pesquisa, realizada em 2018.

Foram avaliados os nove maiores bancos do país: Banco do Brasil, Bradesco, BTG Pactual, BV, Caixa, Itaú, Safra, Santander e BNDES, sobre questões urgentes da nossa sociedade, divididas em temas transversais (mudanças climáticas, corrupção, igualdade de gênero, direitos humanos, direitos trabalhistas, meio ambiente e impostos); temas setoriais (armas, alimentos, florestas, setor imobiliário e habitação, mineração, óleo e gás e geração de energia); e temas operacionais (direitos do consumidor, inclusão financeira, remuneração, transparência e prestação de contas).

Os dados foram coletados em informações públicas e questionamentos enviados às instituições financeiras. O desempenho médio dos nove bancos, numa escala de 0 a 10, ficou em 3,2. Ou seja, apenas “32% responsável”. Ainda que baixo, houve um aumento de 2 pontos porcentuais em relação à 2018, quando a nota média dos bancos foi 3, “30% responsável”.

Na comparação com a avaliação realizada em 2018, nota-se que o tema da sustentabilidade ganhou importância ao menos nas peças de comunicação dos bancos. Em 2018, as questões socioambientais não foram protagonistas. Já em 2020, observam-se avanços na sua integração, com maior destaque e interesse dos bancos em adotar os princípios de sustentabilidade. Na prática, foram feitas ações concretas relacionadas às mudanças do clima (principalmente fomento à geração de energia limpa) e diretrizes mais rígidas de atuação no bioma Amazônia. O saldo geral é positivo, mas a proposta de geração de valor sustentável ainda tem um longo caminho até se consolidar.

Fontes: IDEC, Folha SP, Ecodebate, BNDES, BB, Santander.