População de jumentos no Brasil caiu 94% até 2024 e soma 78 mil

O Brasil reduziu a população de jumentos em 94% entre 1999 e 2024, de acordo com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Agrostat. As informações foram apuradas pela The Donkey Sanctuary no Brasil.

Em 1999, o Brasil tinha uma população de 1,37 milhão de jumentos, segundo o levantamento. Em 2025, o número de jumentos no país chegou a 78 mil. Os dados indicam que hoje há 6 jumentos para cada 100 que existiam na década de 1990.

No Brasil, entre os anos de 2018 e 2024, cerca de 248 mil jumentos foram abatidos na Bahia — o único estado com três frigoríficos licenciados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF), segundo a The Donkey Sanctuary no Brasil.

“O jumento está em risco de extinção em vários países. No Egito ele praticamente não existe mais, em várias outras partes da África. Por isso o movimento pela conservação hoje é global”, afirma Pierre Barnabé Escodro, professor de Medicina Veterinária, Inovação e Empreendedorismo da Universidade Federal de Alagoas (UFAL). Ele faz parte da rede de pesquisadores que alerta para o risco de extinção desses animais no país e que defende a aprovação de um projeto lei de 2022 que proíbe o abate, atualmente parado no Congresso.⁠

Os jumentos são usados para a fabricação de um produto conhecido como ejiao — feito a partir do colágeno extraído da carcaça desses animais, fabricado na China e em outros países asiáticos para aumentar a vitalidade dos consumidores.

Para Roberto Arruda, engenheiro agrônomo e doutor em Economia Aplicada (USP), é necessário pesquisa e desenvolvimento de soluções que substituam o uso de pele de jumentos.

“Estudos já apontam alternativas tecnológicas promissoras, como a fermentação de precisão, capaz de produzir colágeno em laboratório sem a necessidade de exploração animal. Investir nessas inovações é essencial para proteger a espécie e promover práticas mais sustentáveis, inclusive sob a perspectiva socioeconômica”, afirma.

Há dois Projetos de Lei proibindo o abate de jumentos. No Congresso Nacional, tramita o PL nº 2.387/2022, que já passou pela Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara e aguarda votação nas duas casas, seguindo para sanção presidencial.

Já no estado da Bahia, tramita o PL nº 24.465/2022, também aprovado na CCJ da Assembleia Legislativa, à espera de votação dos deputados estaduais.

“Existem três caminhos sustentáveis para os jumentos no Brasil: viverem livres na natureza, continuarem a apoiar a agricultura familiar e serem reconhecidos e valorizados como animais de companhia”, explica Patricia Tatemoto, coordenadora da campanha da The Donkey Sanctuary no Brasil.

Para debater o risco de extinção dos jumentos, foi realizada a terceira edição do seminário internacional Jumentos do Brasil: Futuro Sustentável, promovido pela Universidade Federal de Alagoas (UFAL), com iniciativa da organização não governamental de bem-estar animal The Donkey Sanctuary, sediada no Reino Unido.

O encontro aconteceu em Maceió nos dias 26, 27 e 28 de junho e reuniu cerca de 150 pessoas, incluindo cientistas de outros países, para discutir a grave ameaça à espécie.

No evento, a ONG lançou a campanha global Stop The Slaughter (“Parem o Abate”, em português), em contraponto à crescente demanda pelo ejiao.

Fonte: CNN.

Foto: Divulgação The Donkey Sanctuary|.

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