As praias brasileiras são reconhecidas mundialmente por suas extensas faixas de areia e beleza natural espetacular. No entanto, o avanço da urbanização nas áreas costeiras tem acelerado a erosão, ameaçando este patrimônio. O fenômeno da erosão não apenas reduz as faixas de areia, como também altera ecossistemas delicados e afeta comunidades locais.
Segundo recentes análises do MapBiomas, uma colaboração de especialistas ambientais, incríveis 15% das praias brasileiras foram consumidas pela erosão nos últimos 30 anos. Esse dado alarmante equivale a uma perda de mais de 3.000 campos de futebol, um impacto visual e ambiental significativo que despertou debates sobre gestão costeira e regulamentação ambiental.
Como ocorre a erosão nas praias brasileiras?
A dinâmica de erosão é influenciada por um equilíbrio natural entre o depósito e a remoção de sedimentos pelas marés, conhecido como balanço sedimentar. Contudo, esse equilíbrio tem sido comprometido pelas construções e obras de infraestrutura próximas à orla, que bloqueiam o caminho natural do sedimento, exacerbando o processo erosivo.
Qual o impacto da especulação imobiliária na erosão das praias?
A especulação imobiliária é uma das principais culpadas pela erosão exacerbada. A pressão para construir em áreas cada vez mais próximas ao mar não apenas reduz a área de praia, mas também perturba o fluxo natural de sedimentos, essencial para a manutenção da integridade da praia. O resultado é um aumento na frequência e na severidade dos episódios de erosão, colocando em risco a biodiversidade local e a vida de moradores da região.
Entendendo a PEC das Praias e suas Implicações
Recentemente, uma Proposta de Emenda à Constituição, conhecida como PEC das Praias, tem sido motivo de intensos debates. O texto sugere que proprietários de imóveis na costa possam construir muros para proteger suas propriedades da erosão, uma medida que, segundo especialistas, pode piorar ainda mais a situação. O professor Alexander Turra, da USP, alerta que essa medida pode levar à privatização efetiva de muitas praias, um cenário desolador para o acesso público e a conservação ambiental.
Impacto Ambiental: A construção de barreiras físicas interfere diretamente no balanço sedimentar das praias.
Riscos de Exclusão: Com muros erguidos, o acesso público às praias pode ser severamente restringido.
Perda de Biodiversidade: Áreas de nidificação e habitats naturais podem ser irreversivelmente alterados.
O projeto entra na esteira de outras propostas e projetos que tramitam no Congresso e que afetam o Meio Ambiente, chamado pelos especialistas de “Pacote da Destruição”. A lista inclui projetos como o que permite obras de irrigação em áreas de preservação e mudanças na lei do licenciamento ambiental.
Desde o início do ano, o Ministério do Meio Ambiente tem enfrentado uma sangria com o legislativo e a aprovação da PEC, para especialistas, significa mais uma perda na queda de braço.
“A aprovação representaria uma perda imensa, uma derrota. Temos a questão ambiental, mas também econômica do país. O turismo é um pilar da nossa economia e que acontece pelo atrativo do litoral”, explica Alexander Turra.
O g1 conversou com a diretora da área de oceanos do Ministério do Meio Ambiente, Ana Paula Prates, que disse que a pasta é contra a proposta e que está articulando com o governo para impedir que o projeto passe.
Somos contra a PEC e estamos com o governo articulando para impedir que ela passe. Essa proposta vai na contramão porque coloca as pessoas em risco. Essas são áreas que deveriam estar sendo resguardadas por causa do aumento do nível do mar e dos extremos. Os terrenos beira-mar já são áreas de risco — Ana Paula Prates, diretora da área de oceanos.
Enquanto o governo e ambientalistas buscam alternativas para proteger essas preciosas zonas costeiras, a conscientização e participação pública se tornam indispensáveis para garantir que as futuras gerações também possam desfrutar das belezas naturais das praias brasileiras. Portanto, a luta pela conservação das nossas praias é urgente e necessária para preservar não apenas o meio ambiente, mas também nossa identidade como nação estreitamente ligada ao seu litoral.
Fonte: g1, O Antagonista.
Foto: Veja/Reprodução