Um projeto da Associação Metropolitana de Ciclistas do Recife (Ameciclo) e do Centro de Ensino Popular e Assistência Social de Pernambuco (Cepas) tem beneficiado moradores de comunidades de periferias do Recife. Por meio da ação, chamada de “Bota pra Rodar”, é possível alugar bicicletas por R$ 2 e, assim, se locomover pelos bairros.
A taxa de R$ 2 dá direito a um dia inteiro com a bike. O valor é utilizado para a manutenção dos equipamentos, que servem de meio de transporte para as pessoas.
Para a coordenadora da Ameciclo, Gaia Lourenço, a missão do projeto é garantir os direitos das pessoas que transitam cotidianamente pela cidade.
“O direito de ir e vir é um direito primário das pessoas. Então, isso garante que essas pessoas tenham acesso não só ao trabalho, mas também a locais de estudo, lazer, saúde, que é o que faz realmente a mudança social”, disse a coordenadora.
Na comunidade de Vila Santa Luzia, no bairro da Torre, Zona Oeste do Recife, umas das beneficiadas pelo “Bota pra Rodar” é a cozinheira Isa Silva. Segundo ela, poder contar com o serviço ajuda bastante no cotidiano.
“Todo dia eu pego a bicicleta e é muito bom para mim. Eu ando de bicicleta desde os meus 5 anos de idade, adoro andar”, disse ela.
O “Bota pra Rodar”, está há mais de um ano fazendo a entrega dos veículos para serem compartilhados em comunidades do Recife. Na Vila Santa Luzia, por exemplo, 14 delas estão disponíveis para os moradores.
Para ter acesso, basta fazer um cadastro e pegar a bicicleta, pagando a taxa de manutenção.
Segundo a coordenadora do Centro de Ensino Popular e Assistência Social de Pernambuco (Cepas), Bernadete Alves, a iniciativa ajuda principalmente quem tem a bicicleta como fonte de renda. Ela também relatou que, dentro da Vila Santa Luzia, a procura tem sido grande.
“Para levar as crianças na creche, a gente tem uma dificuldade muito grande aqui na comunidade. Os terminais de ônibus e as paradas são muito distantes, além do preço da passagem, que é um absurdo”, afirmou.
O “Bota pra Rodar” também atua com cursos de oficina para bicicletas, o que ajuda os moradores a se envolverem no projeto. É o caso da dona de casa Andrea Machado, que aprendeu no curso como montar e consertar uma bicicleta.
“É uma forma a mais de a gente se locomover sem gastar tanto, de ir a uma feira, um supermercado próximo, facilitou muito”, declarou a dona de casa.
Quem também utiliza o modal para facilitar o dia a dia e fugir dos gastos com transporte, tanto público quanto por aplicativo, é a manicure Gilvanete Leão. “Para eu me locomover daqui para outro bairro e, às vezes, até mesmo dentro daqui, a economia é grande”, disse ela.
No bairro de Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, a comunidade Entra a Pulso recebeu dez bicicletas para colocar o projeto “Bota pra Rodar” em prática. O projeto, no local, ainda está em fase de testes, mas a expectativa é de que, no final de setembro, esteja em pleno funcionamento.
Na Entra a Pulso, quem faz a coordenação da iniciativa é o Grupo de Escoteiros 12 PE. De acordo com o presidente do grupo, Cláudio Batista, a localização da comunidade dentro de Boa Viagem, um dos bairros mais nobres da cidade, torna muito importante a utilização desse tipo transporte.
“A comunidade, por ter uma boa localização, ela tem essa facilidade na utilização das bicicletas para coisas cotidianas, para levar crianças na escola, ou, até mesmo, para uso em supermercados, armazém”, comentou.
Fonte: G1.
Foto: Ezequiel Quirino/TV Globo.