Quase todos os oceanos têm manchas estáticas de plástico e outros tipos de lixo. O Atlântico Norte, e o Sul; o Índico, e o Pacífico. Conduzido pelas correntes marinhas em interação com o movimento de rotação da Terra, qualquer tipo de lixo dos países banhados pelo Pacífico Sul acaba se juntando a outros num ponto remoto do maior dos oceanos. Pela crença de que a mancha seria estática, cientistas já estudavam maneiras de diminuir seu tamanho. Até a ONU entrou na briga e lançou uma campanha. Enquanto isso, vários países adotaram severas medidas contra o material, exceção ao Brasil, infelizmente. Contudo, há o que comemorar. O projeto de limpeza oceânica de Boyan Slat acaba de bater um recorde.
Projeto de limpeza oceânica
Entretanto, o projeto que mais avançou foi o de um jovem holandês de 23 anos, Boyan Slat. Ele fundou a ONG The Ocean Cleanup, conseguiu patrocínios e, desse modo, pôs mãos à obra.
Em 2019, comentou-se as falhas nas primeiras tentativas no post Mancha de lixo do Pacífico – dispositivo inicia limpeza. Contudo, passados poucos anos, hoje Slat reivindica a retirada dos primeiros 100.000 kg de plástico do Pacífico em 11 meses de trabalho. Em seguida, o material é levado para terra e reciclado. Convenhamos, é um feito extraordinário para um garoto de apenas 23 anos.
A ONG anunciou o marco nos últimos dias de julho de 2022, logo depois de implantar o segundo sistema entre a Califórnia e o Havaí. Entretanto, ainda falta muito. A Ocean Cleanup estima que a quantidade representa aproximadamente 1/1.000 do plástico que se acumulou na Grande Mancha de Lixo do Pacífico cujo tamanho equivale a três vezes a dimensão da França.
funcionamento do projeto de limpeza
‘Desde o início, em agosto de 2021, o Sistema 002 já coletou 101.353 kg de plástico em 45 extrações. Para tanto, varreu uma área de mais de 3.000 km2, ou seja, comparável ao tamanho de Luxemburgo ou Rhode Island’, diz o site do projeto.
Contudo, segundo o Boyan Slat, ‘a modelagem prevê que é preciso de cerca de 10 sistemas em tamanho real para limpar a Grande Mancha do Pacífico’.
Ocean Cleanup e a limpeza de rios
Do mesmo modo que faz no mar, a Ocean Cleanup desenvolveu a primeira solução escalável para interceptar eficientemente o plástico nos rios antes que chegue aos oceanos.
Assim, ao monitorarem 1.000 rios em todo o mundo, pretendem impedir que 80% do plástico entre nos oceanos em cinco anos a partir do lançamento. Os outros 20% são provenientes de fontes marítimas, ou seja, embarcações, aquicultura e, especialmente, a pesca responsável por 10%.
De acordo com pesquisa da ONG, 1.000 rios são responsáveis por cerca de 80% da poluição que termina nos mares. Atualmente, a ONG já implantou essa tecnologia em quatro países: Indonésia, Malásia, República Dominicana e Vietnã. E, além do barco movido a energia solar que retira o lixo, há igualmente outro sistema, o Interceptor Trashfence.
Interceptor de lixo em rios
Neste caso, utilizam uma cerca de arame de captura de resíduos inspirada em sistemas de proteção contra avalanches e especializada em ambientes de inundações. A estrutura é ancorada às margens e leito de um rio e capta plástico e outros resíduos ao longo de sua extensão para posterior extração.
Os impactos do plástico de acordo com a Ocean Cleanup
Atualmente acredita-se que haja cinco trilhões de pedaços de plástico nos oceanos. Agora a Ocean Cleanup avança para a fase de expansão do projeto com o Sistema 03, três vezes o tamanho do anterior e capaz de capturar quantidades muito maiores de plástico a um custo menor por quilograma removido. O objetivo final é limpar 90% do plástico nos oceanos até 2040.
Como se vê, ainda falta muito, mas finalmente há luz no fim do túnel.
Fonte: Mar Sem Fim.