Radar europeu de metano aponta lixões como fonte recorrente do gás estufa no Brasil

A Agência Espacial Europeia, Copernicus, lançou esta semana um novo serviço de monitoramento dedicado à emissão de metano (CH4) no planeta. A plataforma Methane Hotspot Explorer permite analisar a origem das emissões e também uma quantidade estimada por hora da ocorrência deste gás estufa, que tem potencial de aquecer a atmosfera 80 vezes mais do que o dióxido de carbono (CO2) no curto prazo.

Selecionando as emissões de 2024 registradas no Brasil, todas são apontadas para a mesma região, e com o mesmo motivo. Aterros sanitários (lixões) na região da cidade de São Paulo e arredores constam, a princípio, como as únicas nove ocorrências relevantes registradas pelo satélite Copernicus Sentinel-5P entre o último dia 26 de julho e 22 de fevereiro deste ano.

A potência dos vazamentos de metano no Brasil em 2024 variou de 17 a 38 toneladas por hora, em diferentes datas, segundo arquivos da plataforma.

O aplicativo permite que os usuários visualizem as manchas de metano mais recentes detectadas por satélite em escalas de tempo que variam de um dia a um período de 14 dias. Além disso, diferencia a fonte das emissões, que podem ser de mineração de carvão, petróleo, gás e áreas urbanas que abrangem aterros sanitários. Cada detecção é verificada por especialistas da agência europeia.

Verificando o banco de dados do ano passado é possível ver alguns traços dos perfis de emissões de cada país, sendo que nos Estados Unidos, por exemplo, as emissões registradas são na maioria provenientes geograficamente de regiões de prospecção de petróleo e gás, enquanto na Austrália há alto número de ocorrências localizadas em campos de extração de carvão.

Richard Engelen, vice-diretor do Copernicus Atmosphere Monitoring Service, que coordena a plataforma, afirma que a ferramenta deve ajudar a “entender o papel da atividade humana no cenário de emissões de gases de efeito estufa em constante crescimento”. O Copernicus, em parceria com outras instituições, já monitora em nível mundial incêndios florestais e emissões relacionadas a esses eventos, além de manter registro da temperatura do ar e dos oceanos.

Segundo a plataforma de organização de dados Our World in Data, o Brasil foi o quarto maior emissor de metano no planeta em 2023, responsável por quase 5,96% do total. Os Estados Unidos, que registraram à época 6,46%, ficam em terceiro no ranking encabeçado por China (17,64%) e Índia (9,14%). Os dados reúnem emissões de combustíveis fósseis, indústria e agropecuária.

Segundo o Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão de Resíduos Sólidos (SINIR), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente, o Brasil destinou em 2019, último ano com dados disponíveis, cerca de 52 milhões de toneladas de lixo a aterros sanitários, aterros controlados e lixões, o que corresponde a 96% de todo o lixo gerado no país naquele ano.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Images.