Senado dos EUA aprova maior pacote de combate às mudanças climáticas do país

Depois de “fechar acordo” sobre a questão no final de julho, neste domingo (07), após uma longa sessão de debates, o Senado dos EUA aprovou um pacote que inclui o maior o investimento climático individual da história do país.

Agora que passou pelo Senado, o projeto de US$ 430 bilhões segue para a Câmara norte-americana e, se virar lei, vai proporcionar um investimento bilionário em segurança climática e energética que deve reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos Estados Unidos em cerca de 40% até 2030 (em comparação com o ano base de 2005).

Um dos objetivos da legislação é reduzir as emissões de carbono e incentivar a transição para fontes de energia limpa. Leah Stokes, professora de política climática e energética da Universidade da Califórnia que aconselhou os democratas no projeto, afirma que o texto deve impulsionar a fabricação de baterias de energia solar e veículos elétricos e contém ainda o maior investimento em justiça ambiental de todos os tempos, contribuindo para a meta de descarbonizar a economia dos EUA até 2050.

O texto destina milhões de dólares para o financiamento de resiliência climática para governos tribais dos EUA e para os nativos do Havaí, além de US$ 60 bilhões para medidas de proteção nas áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas.

A aprovação de hoje pode ser considerada uma grande vitória para o presidente democrata Joe Biden em um momento em que seu partido luta para tentar manter as escassas maiorias na Câmara e no Senado às vésperas das eleições de “midterm”, ou de meio de mandato, que acontecerão em novembro.

Atualmente o senado dos EUA é formado por 48 democratas, 2 independentes (que votam com os democratas) e 50 republicanos. Projetos que precisam de maioria simples, como é o caso deste, precisam então de 51 votos para serem aprovados. Todos os senadores republicanos foram contra este projeto de lei, e o que fez com que o placar final fosse 51 a 50 foi justamente o voto de minerva da vice-presidente Kamala Harris.

“Hoje, os democratas do Senado se aliaram às famílias americanas por interesses especiais, votando para reduzir o custo de medicamentos prescritos, seguro de saúde e custos diários de energia e reduzir o déficit, enquanto faz com que as corporações mais ricas finalmente paguem sua parte justa”, disse Joe Biden em comunicado.

Além do perfil climático, o Inflation Reduction Act, ou Lei de Redução da Inflação, também inclui medidas para reduzir os custos de saúde para milhões de norte-americanos, permitindo que o Medicare, o programa do governo para idosos e deficientes, negocie os preços dos medicamentos prescritos com as empresas farmacêuticas e que os seus usuários paguem um teto de até US$ 2 mil por ano, economizando US$ 288 bilhões ao governo federal.

Os republicanos afirmam que o projeto de lei não vai reduzir a inflação, deve acabar com muitos empregos e reduzir o crescimento do país, sobretudo em estados extremamente dependentes de petróleo, carvão e gás.

A Câmara agora planeja se reunir na próxima sexta-feira (12) para buscar aprovar o texto, enviando-o na sequencia para Biden assinar.

O texto foi apresentado inicialmente no Congresso como o “Build Back Better”, um plano de segurança social de trilhões de dólares. No entanto, diante das muitas dificuldades para seguir adiante, os democratas mexeram bastante na legislação ao longo dos últimos meses e a rebatizaram.

A ideia é que, além de incentivar a economia verde e reduzir os custos de vida para os norte-americanos, que estão vivendo um momento de inflação alta para os padrões do país, a nova lei possa reduzir o déficit federal em até US$ 300 bilhões ao longo de uma década e ajudar a reduzir os gastos para a população no longo prazo.

Fonte: Um só Planeta: