A Europa registrou, em junho de 2025, níveis históricos de geração de energia solar, consolidando uma virada na matriz elétrica do continente. Pela primeira vez, a fonte solar foi a principal da União Europeia, representando 22,1% da eletricidade gerada, segundo dados do think tank Ember.
Uma onda de calor elevou o consumo de energia em países como Espanha, França e Alemanha. Entre os dias 28 de junho e 2 de julho, as temperaturas ultrapassaram 40°C em algumas regiões, provocando aumento de até 14% na demanda elétrica diária, especialmente por conta do uso de ar-condicionado.
A oferta abundante de energia solar durante o dia ajudou a evitar colapsos no sistema. Nesse contexto, a Alemanha se destacou e a fonte solar chegou a suprir quase 40% da demanda nos momentos de pico. No total, a geração solar da UE atingiu 45 TWh em junho, um aumento de 22% em relação ao ano anterior. Ainda segundo a Comissão Europeia, cerca de nove em cada dez cidadãos apoiam o aumento das energias renováveis. Esquemas de energia compartilhada e geração distribuída também ganham adesão por criarem empregos locais e oferecerem benefícios financeiros diretos.
Já o carvão caiu para 6,1% como matriz elétrica da UE, menor nível já registrado. Em junho de 2024, o carvão ainda respondia por 8,8%. Países como Alemanha (12,4%) e Polônia (42,9%), historicamente dependentes do carvão, apresentaram redução. Outros como República Tcheca, Bulgária e Dinamarca também atingiram recordes de baixa. Dez países da União Europeia não utilizaram carvão em junho, incluindo a Irlanda, que desligou oficialmente sua última usina no dia 20 de junho. Espanha e Eslováquia devem seguir o mesmo caminho até o final de 2025.
Em contrapartida, usinas térmicas enfrentaram dificuldades com o calor. Na França, quase todas as usinas nucleares operaram com restrições, e na Suíça, uma usina foi parcialmente desligada.
Limites do armazenamento
Apesar da contribuição da energia solar, a falta de sistemas de armazenamento impediu que o excedente de energia fosse mantido para o período noturno, provocando altas nos preços. Entre 24 de junho e 1º de julho, os preços da eletricidade subiram 175% na Alemanha e 108% na França.
Especialistas apontam que investimentos em baterias, redes inteligentes e flexibilidade do consumo são fundamentais para sustentar os ganhos da transição energética. O uso de tecnologias como inversores formadores de rede, que permitem a operação autônoma de usinas renováveis, também está em teste em países como Bélgica e Reino Unido.
“Recordes de geração solar não são apenas efeito do clima, mas resultado de investimentos constantes”, afirma o analista Chris Rosslowe, do Ember.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Nuno Marques/Unplash.
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