Saiba o que é, como acontece e quem sofre com o “Racismo Ambiental”

Hoje é Dia Nacional da Consciência Negra (20 de novembro) e é importante para alertar sobre o racismo ambiental. Mas você já ouviu essa expressão? Sabe o que significa?

O termo pode não ser tão popular, mas certamente você já viu as consequências do racismo ambiental noticiadas na mídia e nas redes sociais, ou até conhece alguém que viveu isso na pele quando, por exemplo, teve sua casa inundada em uma enchente, perdeu tudo por causa do deslizamento causado por fortes chuvas, pagou mais caro ou ficou sem se alimentar, pois a comida está mais cara por causa das secas extremas e prolongadas ou passou dias sem energia elétrica por causa de fortes rajadas de vento e tempestades.

“Racismo ambiental é a discriminação racial no direcionamento deliberado de comunidades étnicas e minoritárias para exposição a locais e instalações de resíduos tóxicos e perigosos, juntamente com a exclusão sistemática de minorias na formulação, aplicação e remediação de políticas ambientais” (Benjamin Franklin Chavis Jr)

A expressão criada na década de 80 por Benjamin Franklin Chavis Jr – jornalista, escritor e ativista pelos direitos civis, que cresceu em um contexto de segregação racial nos EUA e foi secretário de Martin Luther King –, tem seu conceito originado no racismo estrutural, aquele construído ao longo de anos de história, presente no dia a dia e que se refere às ações (ou falta delas) que prejudicam e afetam diretamente pessoas não brancas.

O racismo ambiental também anda de mãos dadas com as injustiças ambiental e climática. Afinal, as pessoas e comunidades mais invisibilizadas e vulnerabilizadas na sociedade (periféricos, quilombolas, indígenas e ribeirinhos) são as que menos contribuem, mas as que primeiro e mais sofrem com a falta de políticas públicas socioambientais e as consequências da emergência climática.

“Precisamos deixar de ser ingênuos e admitir que o planejamento urbano é feito através de escolhas deliberadas. Por exemplo, quando se prioriza áreas nobres em detrimento de outras regiões – principalmente no contexto urbano das favelas – para resolver questões de saneamento. É necessário fazermos muito seriamente as seguintes perguntas: quais as raízes históricas dos problemas relativos às mudanças climáticas que enfrentamos hoje? Quais são os grupos, populações, gêneros, raça/etnia mais impactados pelos efeitos da crise climática? Com os acessos que tenho, qual a minha responsabilidade (e do meu grupo social) nessa discussão? Precisamos saber quem deve pagar a conta. E, para encontrar essas respostas, é essencial deslocar da culpa e direcionar para a responsabilidade”( Lana Marx, especialista de Diversidade, Equidade e Inclusão do WWF-Brasil)

Apesar da relação e dos cuidados milenares com a natureza, comunidades tradicionais e povos originários foram, ao longo dos anos, vulnerabilizados, retirados do centro de discussão e impedidos de participar da tomada de grandes decisões nessas pautas.

Mais que nunca, precisamos inverter a lógica. Deixando de lado respostas prontas, pensadas e desenvolvidas a partir de um olhar técnico e externo, para a partir de vivências, valores e conhecimentos tradicionais, entender as necessidades e prioridades locais, buscando as soluções com quem sabe o que precisa e quer, e já tem as respostas para esses problemas.

Fonte: WWF.

Imagem: WWF/Divulgação.