Poluição do ar causa doenças e até câncer de pulmão mesmo em não fumantes

A poluição do ar é uma ameaça global à saúde pouco reconhecida, associada a um risco aumentado de câncer e decorrente principalmente da queima de combustíveis fósseis.

Poluição do ar externo

Estima-se que a exposição à poluição do ar seja responsável por 8,9 milhões de mortes em 2015. 5 Os principais componentes da poluição do ar são poluentes atmosféricos primários que são emitidos diretamente na atmosfera a partir de fontes identificáveis, como a queima de combustíveis fósseis em motores de combustão, fábricas, assistência médica, agricultura e geração de eletricidade.

Poluição do ar interno

A poluição do ar interno é causada principalmente pela queima de fontes de combustível sólido, como madeira, resíduos de colheitas, carvão, carvão vegetal e esterco para cozinhar e aquecer a casa.

A fumaça da madeira é uma mistura complexa que consiste em MP, vários gases e produtos químicos. Alguns foram classificados como poluentes perigosos e cancerígenos. Fumaça e material particulado (MP) gerados pela queima de óleos de cozinha e biomassa contribuem para a poluição do ar interno em casas em todo o mundo, particularmente em países em desenvolvimento, partes da África e Ásia. Em casas mal ventiladas, a fumaça pode ter níveis muito mais altos de partículas finas, piorando a qualidade do ar interno.

Há um número crescente de evidências que ligam a exposição à poluição e o risco de desenvolver câncer. A evidência mais forte é vista na associação positiva da poluição do ar, particularmente material particulado 2,5 com câncer de pulmão.

Dados emergentes implicam a exposição a poluentes no desenvolvimento de câncer de mama, gastrointestinal e outros. Os mecanismos subjacentes a essas associações incluem estresse oxidativo, inflamação e danos diretos ao DNA facilitados pela absorção e distribuição de poluentes no corpo.

A poluição do ar representa riscos significativos à saúde. Seus impactos na saúde, incluindo os riscos de câncer, são frequentemente subestimados. Poluentes perigosos foram estudados em diversos estudos de coorte epidemiológicos. Apesar das evidências crescentes, a poluição do ar é frequentemente negligenciada em modelos preditivos de risco de câncer e intervenções de saúde pública.

A emissão de gases do efeito estufa está deixando o planeta mais quente e é claro que é uma preocupação ambiental. No entanto, ela é mais do que isso: os gases emitidos também poluem o ar, o que causa doenças e afeta a saúde das pessoas pelo mundo.

Entre as doenças apontadas estão síndromes respiratórias, pioras de quadros de quem já tem doenças como asma, bronquite e rinite. Isso acontece porque são liberadas partículas finas no ar que muitas vezes ficam invisíveis, mas são capazes de afetar o corpo humano.

Dados do Ministério da Saúde apontam que, entre 2019 e 2021, mais de 300 mil pessoas morreram por doenças respiratórias causadas por fumaça e poluição.

Essas partículas ainda viajam muitos quilômetros. Em 2024, por exemplo, ao longo do auge das queimadas na Amazônia, o céu no Sudeste ficou cinza e em alguns dias o sol era turvo por causa da fumaça que viajou milhares de quilômetros.

No ano anterior, também durante as queimadas, 3,7 milhões de pessoas procuraram atendimento médico com sintomas relacionados à inalação de fumaça, como falta de ar, tosse persistente e crise de asma.

Um estudo recente mostrou que o risco pode ser maior do que se sabia:

Segundo um novo estudo da Universidade da Califórnia, em parceria com o Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos, respirar ar poluído está associado a mutações no DNA que podem causar câncer de pulmão.

A pesquisa mostrou que quanto maior a exposição à poluição, mais alterações genéticas foram detectadas.

Em alguns casos, os pesquisadores encontraram mais mutações em pessoas expostas ao ar poluído do que em fumantes passivos — ou seja, indivíduos que não fumam, mas convivem com quem fuma.

Diante desse cenário, especialistas reforçam que reduzir a queima de combustíveis fósseis e combater o desmatamento são medidas urgentes não apenas para conter a crise climática, mas também como uma ação direta de proteção à saúde.

Fontes: NHI (Nacional Institute of Health), g1.

Imagem: Divulgação.

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