Brasil manteve emissões de gases-estufa estáveis em 2024, diz Comissão Europeia

As atividades humanas em todo o mundo em 2024 lançaram na atmosfera um recorde de 53,2 gigatoneladas (Gt) de CO₂ equivalente (CO₂eq) – sem contar as emissões provenientes do uso da terra, mudança do uso da terra e florestas (Land Use, Land-Use Change and Forestry – LULUCF) , alta de 1,3% em relação ao ano anterior (665 Mt CO₂eq). Os dados constam no recém-lançado relatório “GHG emissions of all world countries” (ou “Emissões de GEE de todos os países do mundo”), elaborado pelo Joint Research Centre (JRC) da Comissão Europeia em cooperação com a Agência Internacional de Energia (AIE).

Quando se trata do Brasil, o país está listado como uma das oito maiores economias emissoras, junto com China, Estados Unidos, Índia, União Europeia, Rússia, Indonésia e Japão. Juntos, responderam por 68,3% do consumo global de combustíveis fósseis e 66,2% das emissões globais no ano passado.

Neste mesmo período, as emissões brasileiras, englobando todos os setores, se mantiveram estáveis na comparação com 2023 – a alta foi de apenas 0,2%, totalizando 1299,180 Mt CO₂eq. Contudo, em relação a 1990 (649,236 Mt CO₂eq), houve um aumento de +100%.

O gás dominante nas emissões do Brasil é o metano CH4 (47,8%), emitido por fontes como a agropecuária e lixões, seguido por dióxido de carbono CO2 (37,8%), óxido nitroso N2O (13,0%) e gases fluorados, aplicados em atividades industriais, os F-gases (1,3%). E o setor de Indústria de Energia foi o que teve o maior crescimento de 2023 para 2024: 22%. Os demais analisados – Combustão e Processos Industriais, Edificações, Transporte, Exploração de Combustíveis, Agricultura e Resíduos, tiveram resultado entre -2% e +1%.

Emissões globais

O relatório utiliza dados do Emissions Database para Global Atmospheric Research (EDGAR), que inclui as emissões IEA-EDGAR CO2, EDGAR CH4, EDGAR N2O e EDGAR F-gases, na versão EDGAR_2025_GHG (2025). Globalmente, ele mostra que as emissões de gases de efeito estufa de atividades humanas aumentaram em média 1,5% ao ano desde 1990, resultando em um crescimento de 65% em 2024 em relação há 34 anos atrás.

Dentre as oito maiores economias emissoras, apenas a União Europeia e o Japão reduziram suas emissões no ano passado relação a 2023 – -1,8% e -2,8%, respectivamente. Todos os outros mantiveram-se estáveis, e ainda reduziram a intensidade de emissões em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Em termos absolutos, a Índia teve o maior aumento, com 164,8 Mt CO₂eq a mais em 2024 em comparação a 2023.

Ainda de acordo com os dados coletados pelo JRC, o setor de energia elétrica apresentou o maior aumento absoluto de emissões em 2024 (+235 Mt CO₂eq ou +1,5% em relação a 2023). A exploração de combustíveis fósseis ficou em segundo lugar (+1,6% ou +93,6 Mt CO₂eq). Os demais setores também aumentaram ou mantiveram estáveis suas emissões.

Papel do uso da terra e florestas

O LULUCF removeu cerca de 1,3 Gt CO₂eq em 2024 (excluindo incêndios florestais), equivalente a 2,4% das emissões globais. Quando os incêndios são incluídos, o setor passa a ser uma fonte de 0,9 Gt CO₂eq.

Esse balanço reflete:

– Remoções de cerca de 5,5 Gt CO por florestas manejadas (13,9% das emissões globais antrópicas, excluindo LULUCF),

– Emissões de cerca de 3,7 Gt CO provenientes do desmatamento (9,3% do total).

Os incêndios florestais adicionaram 2,1 Gt COeq, com forte contribuição de Canadá, Brasil e Bolívia. Isso não inclui queimadas em regiões tropicais ligadas ao desmatamento, que já estão classificadas nessa categoria. A contribuição dos solos orgânicos permaneceu estável em 2024, emitindo cerca de 1,1 Gt CO.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: Getty Images;

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