Uma nova análise do Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED) constatou que as 40 capitais mais populosas do mundo, além de três cidades com grande importância política neste ano, vivenciam, em média, 25% mais de dias muito quentes por ano do que na década de 1990.
Pelos resultados, o número de dias acima de 35°C nessas localidades aumentou 26% no período de 31 anos estudado, de uma média de 1.062 por ano entre 1994 e 2003 para 1.335 entre 2015 e 2024.
Duas cidades brasileiras entraram no estudo: Brasília e São Paulo. A primeira teve apenas 3 dias em que as temperaturas chegaram a 35 °C entre 1994 a 2003. Já na década mais recente, 2015 a 2024, foram 34 dias. A média anual agora é de três dias, contra menos de um no período inicial da análise.
São Paulo, a cidade mais populosa do Brasil, apresentou um pequeno aumento no número de dias acima dos 35 °C: passou de pouco menos de 2 dias por ano, em média, para 2,6 dias. Uma análise adicional mostrou que, em 2024, a capital paulista registrou seu maior total anual de dias com temperaturas iguais ou superiores a 30°C no período de 31 anos analisado. Foram 120 dias, número bem acima do segundo maior registro, de 97 dias, em 2014.
O estudo pontuou que os três anos com maior calor extremo foram 2024, 2023 e 2019. No ano passado, nove cidades registraram um número recorde de dias muito quentes: Antananarivo (Madagascar), Cairo (Egito), Joanesburgo (África do Sul), Kinshasa (República Democrática do Congo), Manila (Filipinas), Roma (Itália), Tóquio (Japão), Washington DC (Estados Unidos) e Yaoundé (Camarões)
Outro resultado do estudo do IIED é que Pretória, a capital da África do Sul, agora tem uma média de 11 dias por ano com temperaturas acima de 35°C, contra apenas 3 entre 1994 e 2003. Em Joanesburgo, 3 dias no total atingiram 35°C entre 1994 e 2021. Entre 2022 e 2024, foram 26.
No sudeste asiático, há tendências acentuadas de aumento de temperatura, com todas as localidades, exceto Bangkok (Tailândia), registrando mais dias muito quentes. A média de 10 anos em Hanói (Vietnã) quase dobrou desde a década de 1994 a 2003, e em Kuala Lumpur (Malásia) quase triplicou.
As temperaturas também subiram na Europa. Roma viu sua média anual de dias com 35°C aumentar de 11 entre 1994 e 2003 para 24 na década mais recente. Em Madri (Espanha), foram em média 25 dias entre 1994 e 2003 e 47 entre 2015 e 2024.
“As temperaturas globais estão subindo mais rápido do que os governos provavelmente esperavam e definitivamente mais rápido do que parecem estar reagindo.” A falta de adaptação condenará milhões de moradores urbanos a condições cada vez mais desconfortáveis e até perigosas devido ao efeito de ilha de calor urbana”, disse Anna Walnycki, pesquisadora principal do IIED, em comunicado.
Ela acrescentou que as pessoas mais pobres provavelmente sofrerão mais – independentemente de qual cidade estejam -, com impactos significativamente piores em comunidades de baixa renda ou não planejadas no Sul global, devido à moradia e infraestrutura de baixa qualidade.
“As cidades precisam de um aumento imediato de financiamento para melhorar o isolamento e a ventilação dos edifícios, desenvolver planos de aquecimento e criar cobertura de sombra sempre que possível”, apontou Walnycki. “Os planejadores também devem garantir que os edifícios novos e reformados sejam adequados para um planeta em aquecimento”, completou.
Fonte: Um Só Planeta.
Foto: Getty Images.
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