Corais do Atlântico não vão sobreviver a um mundo mais quente, diz estudo

Além de servirem como uma barreira contra o avanço do mar em áreas costeiras, os recifes de corais também são um habitat de diferentes espécies marinhas. Mas a existência desses invertebrados no Oceano Atlântico estará com os anos contados caso as temperaturas globais continuem a aumentar, de acordo com um novo estudo publicado na revista científica Nature na quarta-feira (17).

As projeções não são positivas. No mais otimista dos cenários, os cientistas alertam que 70% dos recifes da região começarão a morrer em 15 anos. Isto se o planeta não bater os 2ºC de aquecimento acima das temperaturas pré-industriais, caso contrário, a porcentagem passa a ser de 99% dos corais mortos.

Em entrevista ao The New Yotk Times, Chris Perry, da Universidade de Exeter, afirmou que a pesquisa buscou mostrar quais serão as consequências se as emissões de CO² – e de outros gases poluentes – se manterem as mesmas. “No cenário atual, a maioria dos recifes de corais do Atlântico não apenas deixará de crescer, mas muitos estarão sofrendo erosão até meados do século”.

Mudanças ecológicas

O crescimento dos corais é sensível. Para que os recifes cresçam de maneira saudável, os cientistas precisam levar em consideração uma série de fatores, como surtos de doenças, altas temperaturas, taxa de pH da água e a frequência de eventos de “branqueamento” da estrutura calcária desses animais.

Segundo a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional (NOAA), 25% de toda a vida oceânica depende dos recifes de corais e sua atuação no ecossistema aquática – seja como habitat para espécies vulneráveis ou como “quebra-molas” que quebram as ondas do mar e protegem a costa de inundações. Além das espécies marinhas, mais de um bilhão de pessoas de todo o mundo também são beneficiadas, de forma socioeconômica, pelos corais.

Para entender como a mudança na ecologia está impactando o crescimento desses animais, os pesquisadores compararam 400 recifes localizados no Oceano Atlântico com corais fósseis que cresceram há mais de 10 mil anos no Caribe. A análise de paisagens milenares permitiu que os cientistas coletassem dados que, com os corais ainda vivos, seriam impossíveis de serem obtidos. O objetivo era compreender como as taxas de crescimento das colônias variam a depender dos tipos de corais.

Elevação do nível do mar

Outra preocupação dos pesquisadores – e para a vida humana como a conhecemos – é o aumento do nível dos oceanos. Enquanto as taxas do mar crescem e invadem áreas costeiras, o crescimento dos corais tem diminuído de maneira inversamente proporcional.

Perry, em comunicado, observou que essa “troca de direções” pode alterar gravemente os ecossistemas costeiros. “Com os recifes e os níveis do mar se movendo em direções opostas, a profundidade da água acima dos recifes aumentará, aumentando os riscos de inundações ao longo das costas vulneráveis e alterando ecossistemas”.

Também da Universidade de Exeter, Lorenzo Alvarez-Filip colocou que a humanidade tem testemunhado um declínio alarmante tanto na abundância quanto na diversidade de corais nos recifes do Oceano Atlântico.

A perda dessa abundância, como um dos outros efeitos do aumento das temperaturas, será o aumento na profundidade da água dos oceanos. Se mantida a elevação atual da temperatura do planeta em relação ao período pré-industrial – ou seja, de 1,3ºC –, até 2060, os níveis do oceano terão um aumento de 30 a 50 centímetros. Mas, se o aquecimento global ultrapassar os 2ºC, as projeções indicam uma profundidade de 0,7 a 1,2 metro.

A restauração dos recifes de corais, apesar de parecer improvável, é um caminho de volta para que estes animais voltem a crescer. Porém, o aumento dos níveis do mar não sofreriam impactos significativos, com a profundidade prevista diminuindo apenas cerca de 30 a 40 centímetros.

Fonte: Um Só Planeta.

Foto: The Ocean Agency/WL Catlin Seavi

Seja o primeiro

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *