Apenas um terço das bacias hidrográficas apresentavam condições normais em 2024, destaca relatório da Organização Meteorológica Mundial (OMM) publicado nesta quinta-feira (18). O ciclo da água vem se comportando de forma “cada vez mais errática e extrema, oscilando entre dilúvios e secas”, afirma a agência ligada às Nações Unidas.
De acordo com os dados da publicação anual, da OMM, revelam que apenas um terço das bacias hidrográficas apresentou condições normais no ano passado.
O ano passado foi o sexto ano consecutivo de claro desequilíbrio, com impactos em “efeito dominó” gerados por excesso ou escassez de água nas economias e na sociedade mundo afora, segundo o monitoramento de referência State of Global Water Resources.
De acordo com os dados da publicação anual, da OMM, revelam que apenas um terço das bacias hidrográficas apresentou condições normais no ano passado.
Nos restantes dois terços dessas áreas que captam água, a situação foi acima ou abaixo do normal pelo sexto ano consecutivo de “claro desequilíbrio”.
O ano 2024 foi o terceiro período consecutivo com registro de perda generalizada de geleiras em todas as regiões.
Muitas áreas com pequenas geleiras já atingiram ou estão prestes a ultrapassar o chamado ponto máximo de água. Esse episódio ocorre quando o derretimento do glaciar atinge seu escoamento anual máximo e depois diminui com o degelo.
Sob influência do fenômeno El Niño, a Bacia Amazônica e outras partes da América do Sul, bem como o sul da África, foram atingidas por uma seca severa em 2024, enquanto condições mais úmidas do que o normal ocorreram na África Central, Ocidental e Oriental, em partes da Ásia e na Europa Central, afirma o relatório. No caso brasileiro, a seca foi seguida de uma brutal temporada de incêndios florestais, com a maior área queimada em 40 anos.
O Brasil vivenciou extremos simultâneos, lembra a OMM, com inundações catastróficas no sul do país, que causaram 183 mortes, e a continuação da seca de 2023 na Bacia Amazônica, que afetou 59% do território nacional.
Pressão dos recursos hídricos do mundo
A secretária-geral da OMM, Celeste Saulo, lembrou que a água sustenta as sociedades, alimenta as economias e ancora os ecossistemas. No entanto, os recursos hídricos estão sob crescente pressão e, ao mesmo tempo, riscos hídricos mais extremos com impacto crescente nas vidas e nos meios de subsistência.
A chefe da OMM destacou a relevância da publicação anual pelas informações confiáveis e baseadas na ciência tidas como sendo “mais importantes do que nunca, porque não podemos gerenciar o que não medimos.”
O Relatório sobre o Estado dos Recursos Hídricos Globais de 2024 recomenda que os países façam mais monitoramento e compartilhamento de dados.
Estima-se que 3,6 bilhões de pessoas não tenham acesso adequado à água pelo menos um mês por ano. O número pode subir para mais de 5 bilhões até 2050.
“Nos últimos seis anos, apenas cerca de um terço das bacias hidrográficas globais apresentou condições normais de vazão em comparação com a média de 1991 a 2020. Isso significa que dois terços têm excesso ou escassez de água – refletindo o ciclo hidrológico cada vez mais errático”, observa o relatório, que aponta vazões muito abaixo do normal em bacias hidrográficas importantes, incluindo as bacias brasileiras dos rios Amazonas, São Francisco, e Paraná, além do Orinoco, na América do Sul, e Zambeze, Limpopo, Okavango e Orange, no sul da África.
Enquanto isso, outras partes da África, bem como Ásia e Europa Central sofreram com enchentes.
Geleiras
A perda generalizada de geleiras em todas as regiões ocorreu pelo terceiro ano consecutivo em 2024. Muitas regiões com pequenas geleiras já atingiram ou estão prestes a ultrapassar o chamado ponto máximo de água, aponta a OMM, alertando para situações em que o derretimento de uma geleira atinge seu escoamento anual máximo, passando a fornecer menos água nos anos seguintes devido ao encolhimento da geleira.
Foram 450 milhões de toneladas de gelo perdidas, o equivalente a um bloco quadrado de 7 km de altura, 7 km de largura e 7 km de profundidade, ou água suficiente para encher 180 milhões de piscinas olímpicas. Essa quantidade de água derretida pode adicionar cerca de 1,2 milímetro ao nível global do mar em um único ano.
Estima-se que 3,6 bilhões de pessoas enfrentam acesso inadequado à água pelo menos um mês por ano e espera-se que esse número aumente para mais de 5 bilhões até 2050, de acordo com a ONU Água.
Para os especialistas, o dado reforça a tendência de que os extremos hídricos — secas mais prolongadas e enchentes mais intensas — já são parte do “novo normal” em um planeta mais quente
Fontes: ONU News,Um Só Planeta, g1.
Foto: Michael Dantas/AFP via Getty Images.
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