Uma pesquisa da Universidade Tecnológica de Nanyang, Singapura (NTU Singapura), e da Universidade de Tecnologia de Delft (TU Delft), na Holanda, publicada em 27 de janeiro deste ano, apontou que o nível do mar subirá muito provavelmente entre 0,5 e 1,9 metro até 2100.
O aumento poderá ocorrer caso as emissões globais de CO₂ continuem crescendo. O limite superior dessa nova projeção é de 90 centímetros maior do que a estimativa global mais recente da ONU, que varia de 0,6 a 1 metro, segundo a pesquisa.
As projeções atuais do nível do mar foram elaboradas com base em diversos métodos de modelagem dos processos climáticos. Alguns desses métodos consideram fenômenos bem compreendidos, como o derretimento de geleiras. No entanto, mesmo com essas estimativas, os modelos geram resultados variados, o que dificulta a previsão precisa de elevações extremas e confiáveis do nível do mar.
Sob um cenário de altas emissões, o modelo utilizado pela NTU na pesquisa projeta que o nível do mar global “muito provavelmente aumentará entre 0,5 e 1,9 metro até 2100”.
“Essa pesquisa representa um avanço significativo na ciência do nível do mar. Ao estimar a probabilidade dos resultados mais extremos, ela destaca os impactos graves que a elevação do nível do mar pode ter em comunidades costeiras, infraestrutura e ecossistemas, ressaltando a urgência em lidar com a crise climática”, aponta o professor Benjamin Horton, diretor do Earth Observatory of Singapore.
Segundo a organização Climate Central, que oferece uma ferramenta de avaliação de risco costeiro, cidades litorâneas como o Rio de Janeiro estão entre as áreas vulneráveis e podem ser parcialmente submersas com o avanço do oceano. Outras cidades da América do Sul também enfrentam esse mesmo risco.
Cidades costeiras do Rio de Janeiro, municípios do Rio Grande do Sul, além de áreas litorâneas do Uruguai e da Argentina, estão entre as localidades que enfrentam risco elevado com a elevação do nível do mar.
— A projeção máxima de 1,9 metro destaca a necessidade de que os responsáveis por decisões públicas planejem a infraestrutura crítica com antecedência — afirmou o doutor Benjamin Grandey, principal autor da pesquisa.
— Mais importante ainda, esses resultados reforçam a importância de mitigar as mudanças climáticas por meio da redução das emissões de gases de efeito estufa — acrescentou.
Se essa previsão se concretizar, diversas cidades da América do Sul poderão ser engolidas pelo avanço do oceano, conforme indica a ferramenta de avaliação de riscos costeiros da organização Climate Central.
Entre as mais vulneráveis estão:
Barranquilla, Colômbia – Situada na foz do rio Magdalena, enfrenta risco elevado de inundações frequentes.
Maracaibo, Venezuela – Localizada às margens do lago de mesmo nome, sofre com a erosão costeira e a elevação do nível da água
Rio de Janeiro, Brasil – Áreas litorâneas da cidade podem desaparecer diante do avanço constante do Atlântico.
Porto Alegre, Brasil – Próxima a corpos d’água, está sujeita a transbordamentos e erosão nas margens.
Punta del Este, Uruguai – Destino turístico tradicional, pode perder parte significativa de suas praias.
Entre Ríos e Buenos Aires, Argentina – Diversas áreas dessas províncias estão ameaçadas pelo aumento dos rios e pela erosão costeira.
Como enfrentar a crise climática
O estudo da (NTU), reforça a urgência de medidas concretas contra o aquecimento global. A emissão contínua de dióxido de carbono é a principal causa do aumento das temperaturas globais e do derretimento acelerado das calotas polares.
Sem uma redução expressiva desses gases, futuras gerações poderão assistir à submersão de grandes centros urbanos.
— Esta pesquisa da NTU representa um avanço significativo na ciência do nível do mar. Ao estimar a probabilidade dos cenários mais extremos, ela destaca os impactos graves da elevação do mar nas comunidades costeiras, infraestrutura e ecossistemas, o que evidencia a necessidade urgente de combater a crise climática — disse o professor Benjamin Horton, diretor do Observatório da Terra de Singapura.
Segundo a organização ambiental Earth, embora a redução dos gases de efeito estufa seja essencial, ela não é suficiente. É igualmente necessário adotar medidas de adaptação.
Governos devem investir em sistemas de proteção contra inundações, planejar o crescimento urbano de forma sustentável e reforçar as respostas a emergências climáticas. Sem essas iniciativas, o mundo pode entrar em uma nova era marcada por migrações em massa provocadas pelo colapso ambiental.
Fontes: Metrópoles, O Globo.
Foto: Agência Brasil.
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