Se não houver mudanças significativas em ação climática, o mundo pode chegar a um aumento de temperatura de 2,3°C, segundo o relatório Lacuna de Emissões, publicado no início do mês, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, PNUMA.
Este aumento foi projetado considerando uma implementação plena, até 2035, dos planos climáticos nacionais existentes. Isso significa que para limitar o aquecimento a 1,5°C, conforme definido no Acordo de Paris, a ação climática precisa se intensificar.
Curva de emissões
A Ciência já indicou que, em 2030, as emissões de gases estufa precisariam cair 25% em relação ao que foi emitido em 2019, se o mundo quiser chegar a 2ºC de aquecimento. Se a meta a ser perseguida para 1,5ºC, o corte nas emissões precisa ser de 40%.
Restando apenas cinco anos para atingir esse objetivo, o que se vê é uma trajetória longe do necessário: em 2024, as emissões globais mantiveram tendência de alta, com aumento de 2,3%, atingindo 57,7 gigatoneladas de CO2 equivalente.
“As nações já tiveram três oportunidades de cumprir as promessas feitas no Acordo de Paris – e em todas elas ficaram fora da meta. Embora os planos climáticos nacionais tenham trazido algum progresso, ele está longe de ser suficiente – por isso ainda precisamos de cortes de emissões sem precedentes, em uma janela de tempo cada vez mais estreita e em um cenário geopolítico cada vez mais desafiador”, disse Inger Andersen, Diretora Executiva do PNUMA.
“Não é hora de desistir”
O secretário-geral da ONU afirmou que o relatório é “claro e direto” e que os cientistas já concordam que uma ultrapassagem temporária do limite de 1,5°C é inevitável, começando, no mais tardar, no início da década de 2030.
António Guterres disse que isso não é motivo para desistir e sim para “intensificar e acelerar a ação”.
O secretário-geral ressaltou que as soluções para tornar esse excedente o mais “reduzido, curto e seguro possível” existem.
O relatório também traz razões para otimismo, revelando um progresso em relação ao ano passado, quando a projeção era de um aumento de 2,6°C.
O líder da ONU lembra que manter o aumento da temperatura em 1,5°C até ao final do século continua sendo a referência e que “este objetivo ainda é alcançável”.
Ele defendeu reduzir drasticamente as emissões de gases causadores do efeito estufa, cortar fortemente as emissões de metano e acelerar a transição dos combustíveis fósseis para as energias renováveis.
O chefe das Nações Unidas lembrou que a energias limpas são agora a fonte de eletricidade mais barata na maioria dos mercados e a mais rápida de implementar.
Ele disse que a transição reforça a segurança energética, reduz a poluição e cria milhões de empregos dignos.
Cada fração de grau importa
Guterres enfatizou ainda que é preciso proteger as florestas e os oceanos, que são sumidouros naturais de carbono.
O relatório ressalta que reduções nas emissões anuais de 35% e 55%, em comparação com os níveis de 2019, são necessárias até 2035 para alcançar a meta de 1,5°C.
De acordo com o PNUMA, cada fração de grau evitada reduz a escalada dos danos, perdas e impactos na saúde que prejudicam todas as nações, atingindo os mais pobres e vulneráveis com mais paraça.
Fonte: ONU News, ((O))eco.
Foto: Unsplash/Iain Kennedy.


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