Mesmo sem termos comprovações exatas, cientistas se pautam em evidências para sugerir que já fomos encontrados por alienígenas.
Ao longo de décadas, a humanidade tem vasculhado o céu em busca de vestígios de vida extraterrestre.
E apesar de nossos incansáveis esforços, métodos tradicionais de busca podem ter passado despercebidos pelos possíveis visitantes de outros mundos.
No entanto, cientistas e astrônomos propõem uma ideia intrigante: e se os alienígenas já nos encontraram, mesmo que não tenhamos consciência disso?
O enigma de Fermi
Em 1950, o renomado físico Enrico Fermi lançou uma pergunta intrigante: se o universo é vasto e provavelmente povoado por civilizações alienígenas, por que ainda não tivemos contato com elas?
Essa questão, conhecida como o “Paradoxo de Fermi”, continua sem resposta definitiva. Uma das teorias é que, devido ao poderoso alcance dos sinais de rádio da Terra, os alienígenas podem já ter detectado nossa presença.
Durante o período entre 1900 e a Segunda Guerra Mundial, quando o rádio era uma tecnologia emergente, os sinais de rádio emitidos da Terra eram incrivelmente fortes e poderiam ter viajado para o espaço profundo.
Além disso, nossa exploração do sistema solar por meio de sondas espaciais equipadas com transmissores pode ter alertado potenciais observadores extraterrestres.
As sondas Voyager 1 e 2 da NASA, lançadas há décadas, carregam informações sobre a Terra e têm como destino o espaço interestelar.
Isso significa que, até o ano de 2300, elas poderiam ter alcançado mais de mil estrelas e, possivelmente, despertado o interesse de civilizações alienígenas.
Seres alienígenas tecnologicamente avançados podem ter explorado a Via Láctea e até mesmo visitado há Terra há cerca de 10 milhões de anos — ao menos é esta a visão de Jonathan Carroll-Nellenback, cientista e principal autor de um estudo sobre o assunto publicado no The Astronomical Journal.
O estudo postula que a vida inteligente extraterrestre pode demorar bastante tempo para explorar mundos por aí, pois usariam o movimento dos sistemas estelares para facilitar a viagem entre uma estrela e outra. A ideia do trabalho seria dar uma resposta ao Paradoxo de Fermi — aquele que indaga por que ainda não detectamos nenhum sinal de vida inteligente fora da Terra —, elaborado pelo físico Enrico Fermi ao se perguntar “onde estariam os ETs?” quando estudava a viabilidade de se viajar entre as estrelas.
Os autores do novo estudo sugerem, então, que tais alienígenas estariam demorando “um pouco” para aparecer por aqui simplesmente porque estariam sendo estratégicos, e viajar por uma galáxia seria algo realmente muito demorado. “Se você não considera o movimento das estrelas ao tentar resolver esse problema, fica basicamente com uma de duas soluções”, disse Carroll-Nellenback.
Estrelas e seus planetas orbitam o centro da galáxia em diferentes trajetos, a diferentes velocidades. Ao longo de suas trajetórias, ocasionalmente elas se cruzam — e o estudo imagina que os alienígenas poderiam estar esperando seu próximo destino se aproximar de onde eles estão, o que encurtaria a viagem, tornando-a possível. Mas esses cruzamentos demoram anos, muitos anos, para acontecer. Nosso Sistema Solar, por exemplo, orbita o centro da Via Láctea a cada 230 milhões de anos.
Sinais artificiais e a busca por exoplanetas
Os sinais de sondas espaciais são distintamente artificiais, e técnicas semelhantes à busca de exoplanetas podem ter atraído a atenção de observadores cósmicos para o nosso sistema solar e a Terra.
Outra teoria sugere que os alienígenas podem ter identificado nossa existência ao observar características específicas da Terra.
A análise da nossa atmosfera, por exemplo, já pode ter revelado a presença de oceanos líquidos, indicando um ambiente propício à vida.
Além disso, o brilho das luzes das cidades, que emitem sódio na atmosfera terrestre, é um sinal claro de atividade civilizacional avançada, tornando-nos visíveis a observadores externos.
Essa visibilidade foi destacada por cientistas envolvidos na Busca por Inteligência Extraterrestre (SETI).
Embora a Terra seja relativamente pouco urbanizada no momento, as projeções indicam que esse fenômeno está em constante crescimento.
Se o nosso desenvolvimento continuar na mesma trajetória, a Terra poderá se tornar ainda mais visível a partir do espaço.
Entretanto, mesmo agora, é possível que civilizações alienígenas possuam telescópios mais avançados do que os nossos, com capacidade para observar a Terra em detalhes.
Mas estamos sendo ignorados? Por que isso?
Uma questão debatida há muito tempo é se devemos tentar comunicar-nos ativamente com civilizações extraterrestres.
A ficção científica, por sua vez, costuma retratar encontros com alienígenas, muitas vezes com consequências desastrosas.
Essa incerteza levanta a preocupação de que talvez já seja tarde demais para fazer contato e que os alienígenas estejam nos observando silenciosamente, optando por não se revelar.
Outra hipótese levantada em estudos por aí dá uma resposta diferente ao Paradoxo de Fermi, tentando resolver a questão do “por que ainda não os descobrimos?”. Há quem acredite que tais seres seriam extremamente mais avançados do que nós, e decidiram não entrar em contato conosco pelas mesmas razões por que mantemos determinados povos indígenas isolados — tudo para não interferir em seu desenvolvimento natural.
Hipótese do Zoológico
Seria a Terra um zoológico para alienígenas? Pesquisadores acreditam que sim
A “hipótese do zoológico” foi proposta inicialmente na década de 1970 e afirma que a Terra estaria em constante observação por “cuidadores interplanetários”, que estariam escondidos enquanto nos observam ao longo do tempo, sem nenhuma interferência. Então, os ETs estariam nos observando assim como fazemos com animais em um zoológico.
Sendo assim, há ainda quem defenda a ideia de que nós precisamos mostrar para tais ETs que a humanidade já estaria evoluída o suficiente para que eles nos notem e, então, tentem estabelecer algum tipo de comunicação conosco.
Dificilmente estamos sozinhos no universo, e a busca continua
Por enquanto, desde que começamos a detectar exoplanetas (aqueles que ficam ao redor de outras estrelas além do Sol), já confirmamos a existência de pelo menos 4 mil deles — mas nenhum até agora teve a confirmação de que é realmente capaz de hospedar algum tipo de vida, ainda que muitos estejam nas chamadas “zonas habitáveis” de suas estrelas. Mas estudos recentes estimam que até 10 bilhões de planetas por aí podem ser parecidos com a Terra — então a busca ainda está longe de terminar.
Não acreditar em inteligências extraterrestres é ir contra as probabilidades
Por isso, os autores do estudo citado no início deste texto entendem que concluir que nenhum desses planetas sustentaria algum tipo de vida seria como olhar para apenas uma parcela do oceano e, por não encontrar ali nenhum golfinho, afirmar que não existe vida no oceano inteiro.
De todo modo, essa questão de se os alienígenas já nos encontraram permanece um mistério fascinante.
Nossos sinais de rádio e lançamentos de sondas espaciais podem tê-los alertado para a nossa existência. Além disso, características da Terra, como suas luzes urbanas, podem ter chamado a atenção deles.
Em suma, a possibilidade de sermos observados por civilizações avançadas é uma ponderação constante na busca por vida extraterrestre.
Fontes: Canaltech, Multiverso, Science Aiert.
Imagem: Pixabay.