A falha geológica que jorra um líquido estranho do fundo do mar, na costa oeste dos Estados Unidos, pode provocar um terremoto devastador de 9 graus na escala Richter, seguido de um tsunami de proporções similares ao sismo.
Uma estimativa da Autoridade de Saúde do Oregon, nos EUA, aponta que 20 mil pessoas morreriam imediatamente após a tragédia só no estado.
Os indícios históricos e geológicos indicam que o fenômeno vai ocorrer, só não se sabe a data exata. Sintomas disso são a temperatura do conteúdo que brota da rachadura – cerca de 9°C mais quente – e os resquícios de metais alcalinos (lítio e potássio) e alcalinoterroso (magnésio), além do boro.
Um artigo publicado em 25 de janeiro na Science Advances descreve a fonte subaquática, Pythia’s Oasis, como única e reveladora de um estresse no limite da placa tectônica norte-americana.
“Eles exploraram naquela direção e o que viram não foram apenas bolhas de metano, mas água saindo do fundo do mar como uma mangueira de incêndio. Isso é algo que eu nunca vi e, pelo que sei, nunca foi observado antes”, afirmou Evan Solomon, professor de oceanografia e coautor da pesquisa.
A descoberta foi feita durante um atraso do navio RV Thomas G. Thompson, após o sonar da embarcação mostrar nuvens inesperadas de bolhas saindo do fundo do mar. Um robô foi enviado para explorar a região e revelou que havia um fluido 9°C mais quente que a água saindo da falha.
Cálculos sugerem que o fluido esteja vindo diretamente do megaimpulso de Cascadia (também chamado de The Big One), o maior terremoto já previsto nos Estados Unidos, no qual as temperaturas são estimadas em 150°C a 250°C.
Solomon disse ainda que o fluido liberado é uma má notícia, pois ele funciona como um lubrificante que diminui o estresse do atrito entre as duas placas, e ressaltou que, quanto menor para a presença desse líquido, maior será o risco de um tremor de alta magnitude.
O oásis de Pythia possui um fluído com química “única” e inclui “enriquecimento extremo de boro e lítio e depleção de cloreto, potássio e magnésio”. No caso da temperatura, medições recentes apontam que, dentro do orifício, o líquido tem até 12,6°C – em média, a água do fundo do mar na região mede 3°C. Detalhe: o orifício tem 5 centímetros de diâmetro.
Mais uma curiosidade: a fenda está localizada em um terreno extremamente acidentado coberto por tapetes bacterianos. As emissões de bolhas foram atribuídas a aberturas no fundo do mar que coincidiam com a liberação de fluido difuso e cintilante que vinham de sedimentos, indicam cientistas em artigo publicado no site especializado Science Advances em 2015.
Risco de terremoto sem precedentes
Os tremores no fundo no mar nessa região são relativamente frequentes – o último ocorreu há 323 anos. O próprio governo do Oregon, estado americano que abrange a cidade de Newport, a mais próxima da falha geológica, já até emitiu um comunicado sobre o risco do tremor e do possível tsunami que seria gerado em seguida.
“A Zona de Subducção de Cascadia é uma falha de 600 milhas [quase 1.000 km] que vai do norte da Califórnia até a Colúmbia Britânica e fica a cerca de 100 milhas [160 km] da costa do Pacífico. Houve 43 terremotos nos últimos 10 mil anos dentro desta falha. O último terremoto ocorrido nesta falha foi em 26 de janeiro de 1700, com magnitude estimada de 9,0. Este terremoto fez com que o litoral se reduzisse em vários metros e um tsunami se formasse e colidisse com a terra”, relembra.
O Oregon também alertou que o “mais surpreendente é que as evidências desse grande terremoto também vieram do Japão. Registros históricos japoneses indicam que um tsunami destrutivo produzido à distância atingiu sua costa em 26 de janeiro de 1700. Ao estudar os registros geológicos e o fluxo do Oceano Pacífico, os cientistas conseguiram relacionar o tsunami no Japão com o grande terremoto do Pacífico Noroeste”.
Fonte: R7.
Imagem: Reprodução/Science Advances.