Pesquisadores da Universidade de Queensland descobriram que há muito mais recifes de corais no mundo do que se pensava — 348 mil km² da superfície da Terra são cobertos por eles. Anteriormente, as estimativas ficavam entre 154 mil km² e 301 km². O novo cálculo abrange mais ou menos a área do estado brasileiro de Goiás, para comparação.
Os recifes de coral abrigam cerca de ¼ de toda a vida dos mares, sustentando aproximadamente um bilhão de pessoas. Com muitos deles perecendo com doenças e branqueamento em massa por conta do aumento da temperatura e da acidificação dos oceanos, cientistas buscam estudar sua distribuição e composição para ajudar em esforços de conservação.
Recifes de coral pelo mundo
Esses ecossistemas são extremamente vulneráveis às mudanças climáticas, que estão levando ao aumento da temperatura dos oceanos e à acidificação crescente das águas.
Em diversos pontos, eles estão sendo dizimados por eventos de branqueamento em massa e doenças, que devem se tornar mais intensom e frequentem com o aquecimento da Terra.
Mapear com precisão os corais é um passo necessário para protegê-los, segundo os pesquisadores. A pesquisa publicada no Cell Reports Sustainability na terça (13) utilizou mais de 100 trilhões de pixels de imagens detalhadas dos satélites Sentinel-2 e da constelação Dove CubeSat da Planet, além de um conjunto de dados fornecidos por 480 fontes diferentes. Essas informações foram, então, utilizadas para treinar uma máquina capaz de classificar a presença de recifes em diferentes profundidades..
Foram identificados 348.361 km² de recifes de coral no total, ficando em uma profundidade de até 15 metros. Eles estavam em locais desde superfícies duras, como rochas, até as macias, como lama, areia, entulho e ervas marinhas. Até ¼ do total foi identificado como habitat de coral, ou seja, onde há corais duros de alta densidade.
Campos de ervas marinhas cobrem 67.236 km², ambiente bastante importante para ecossistemas marinhos. O plano dos cientistas é melhorar a capacidade do software para diferenciar ainda mais espécies, o que é necessário para a avaliação da resiliência de um recife contra as mudanças climáticas.
Cientistas querem agora melhorar a capacidade da ferramenta para distinguir espécies. Isso é necessário para avaliar a resiliência de um recife às mudanças climáticas e seus impactos, disse Helen Fox, diretora de ciência da conservação da Coral Reef Alliance, sediada nos Estados Unidos, e coautora do artigo.
“É importante preservar a diversidade genética”, disse Fox. “Quanto mais diversidade você tem, maior a chance de ter espécies diferentes que podem sobreviver.”
Outros pesquisadores já haviam tentado mapear os recifes de coral pelo mundo anteriormente, mas, antes dos satélites de alta resolução, o trabalho era difícil — desses esforços, temos apenas mapas locais ou regionais.
O mapa mais recente foi disponibilizado gratuitamente através das plataformas Google Earth Engine e Allen Coral Atlas. Os dados já estão sendo usados para conservação e identificação de áreas sensíveis por diversos países, de Austrália e Belize a Indonésia, Micronésia e Vanuatu. Em Fiji, o governo está usando os mapas para identificar regiões de corais necessitando reabilitação após a ocorrência de ciclones.
Fonte: Folha SP, Canaltech, Cell Reports Sustainability.
Imagem: Qui Nguyen/Unsplash.