Substância de rã da Amazônia, conhecida por poder antibiótico, tem patentes registradas em países como França, Japão e Estados Unidos

Conhecida como rã-kambo, rã-cambô ou sapo-verde, a espécie Phyllomedusa bicolor é encontrada no topo das árvores das florestas amazônicas, sobretudo, no Brasil, Colômbia e Peru e em partes da Venezuela, Bolívia e Guianas. Seu nome vem do veneno que possui, o kambo, muito utilizado em rituais espirituais e de cura pelos povos indígenas.

O veneno deste anfíbio tem sido estudado por cientistas para seu uso como antibiótico. Análises revelaram que essas rãs possuem mais de 300 peptídeos antimicrobianos, componentes do sistema imune, presentes na maioria dos seres vivos, que podem apresentar uma atividade antimicrobiana potente contra um amplo espectro de micro-organismos.

Apesar do grande potencial para o desenvolvimento de medicamentos a partir de uma substância encontrada em território brasileiro, o veneno da rã amazônica já possui patentes registradas em vários outros países, entre eles, França, Estados Unidos, Canadá, Japão e Rússia.

Marcos Vinício Chein Feres, professor da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), professor visitante do programa de pós-graduação em Direito da Universidade Estadual do Rio de Janeiro e pesquisador de Produtividade do CNPq, acaba de publicar um artigo em que encontrou onze patentes da espécie Phyllomedusa bicolor registradas, na sua maioria, em países do Norte global.

Em artigo publicado na Revista Direito GV, o pesquisador detalha como a apropriação de recursos genéticos da Phyllomedusa bicolor é exemplo de como brechas na regulamentação internacional de sistemas de patentes e imprecisões de termos normativos podem contribuir para que países mais ricos explorem recursos e saberes tradicionais de povos indígenas sobre a flora e fauna brasileiras.

Fonte: Conexão Planeta.

Foto: Divulgação.